Sem plateia, banda fez gravação na centenária casa de espetáculos no centro de Maceió; transmissão pelo YouTube será no sábado (21), gratuitamente, às 21h
17 de Novembro de 2020, 10:32
Felipe Miranda/ Assessoria
Entre reformas, comemorações e incontáveis espetáculos artísticos (incluindo cinema), o palco do Teatro Deodoro, de estilo italiano, já esteve vazio por intermináveis períodos de manutenção. Mas neste ano, o vazio, a solidão, é por conta de medidas de segurança e de enfrentamento ao novo coronavírus. A novidade é que no sábado (21), a banda Marinho exibirá seu concerto de rock no palco centenário do Deodoro, entregando ao mundo afinal um experimento nascido durante a pandemia. O "Show para Ninguém", gravado no grande salão neoclássico que todo alagoano de sorte já viu de perto, será transmitido no canal da banda no Youtube, às 21h.
Nenhum dos 650 lugares foi ocupado para a gravação desse trabalho. Por respeito ao próximo, por segurança, por necessidade. Foi um sonho novo realizado. Segundo Rodrigo Marinho (vocal e bateria), o show marca o lançamento oficial do segundo álbum, “Leve vazio”, que está disponível nas plataformas digitais desde março deste ano. Inicialmente, o show de apresentação do novo disco estava previsto para acontecer no Festival Carambola 2020.
“Foi uma experiência diferente cantar e tocar no Deodoro sem plateia", diz Marinho. "Desde que a ideia surgiu, eu e todo mundo da banda sabíamos que seria uma espécie de transe. Inacreditável, bonito e ao mesmo tempo angustiante.”
E a verdade é que o teatro é tão majestoso vazio quanto é repleto de gente.
Marinho não é um só. Além de Rodrigo, a banda é composta por Victor de Almeida, na guitarra, e Joaquim Prado, na guitarra e synth, além de Felipe Chase, na bateria, e João Lamenha, no baixo. Tem ainda a participação de Robson Cavalcante nos teclados. Depois da estreia com “Sombras”, em 2017, o segundo disco chegou como uma construção coletiva arriscada. Todos abriram mão de algo, todos testaram novas texturas, sentidos e possibilidades para as sete faixas que compõem o trabalho autoral.
A maior parte das canções que integram o repertório do show foram tocadas pela primeira vez. Apresentar os arranjos ao vivo não foi o único desafio do projeto, mas também tentar recriar em vídeo a atmosfera de um show de lançamento no atual contexto histórico.
“Fazemos música sem ansiedade e pressão, mas confesso que tocar em um palco tão importante para a música no estado nos deixou apreensivos”, diz Joaquim Prado. “Desde o primeiro segundo ali no teatro, tudo foi intenso", afirma o guitarrista. "Sem dúvida uma das memórias mais bonitas que a banda inteira tem. É um registro histórico e respeitoso de quando lançamos um disco e não pudemos ter público apresenta-lo.”
Vários profissionais da cadeia musical que estavam sem trabalho devido ao isolamento social puderam voltar a atuar na produção do projeto. Todos foram remunerados com o montante arrecadado na venda das camisas “Amar é Coragem” – estampa que faz referência a uma das músicas da banda, o single “Coragem”.
“É algo que nos enche de orgulho, inclusive. As camisas permitiram que a gente tivesse como investir na produção de ‘Leve vazio’ e agora a gravar esse show de lançamento. O projeto saiu do papel e reuniu uma turma talentosa que atua nos bastidores e nem sempre é vista”, afirma o também guitarrista Victor de Almeida.
O show tem direção de Lucas Nóbrega e Denis Carrion e sonorização de Pedro Oliveira e Filipe Jere. Na técnica de gravação, Maikyel Victor; iluminação de Edner Careca e produção executiva de Lili Buarque. O show foi realizado em parceria com a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (a Diteal).