Especial

Estudantes de Arquitetura e Urbanismo, de Alagoas e de Sergipe, criam projeto sobre bairros de Maceió que estão afundando

Informações sobre o maior desastre ambiental em área urbana em curso do planeta, provocada pela indústria de petroquímica Braskem, sem respostas concretas das autoridades, estão sendo divulgadas nas redes sociais

08 de Junho de 2021, 17:22

Da Redação

Alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Tiradentes (a Unit-AL) e Universidade Tiradentes (Unit-SE) criaram perfis nas redes sociais para divulgar informações e propostas acerca do afundamento de bairros de Maceió, provocado pela mineração da indústria de petroquímica Braskem. “Ao todo”, destaca o informativo enviado à Redação, “são 20 acadêmicos dos câmpus Alagoas e Sergipe." Esses alunos fazem parte do projeto de extensão "Resgate Maceió", que busca trazer visibilidade a uma tragédia urbana que se configura como crime ambiental. A ideia, segundo os estudantes, é provocar "o engajamento da população à causa". A Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e a comissão de Meio Ambiente e Urbanística da Ordem dos Advogados do Brasil (a OAB Maceió) apoiam a ação.

Crime e indiferença do poder público: Braskem virou proprietária dos bairros que destruiu

“A ideia surgiu quando a disciplina Planejamento Urbano e Regional 2 elegeu o afundamento do solo dos bairros Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto como objeto de estudo”, destaca o press-release dos estudantes. O grupo de alunos afirma que depois de analisarem aspectos como meio ambiente, segurança pública e mobilidade urbana, entre outros, eles “viram a necessidade de divulgar as informações coletadas”.  

A professora doutora Melissa Mota Alcides, coordenadora do projeto, que é moradora do bairro Pinheiro, diz-se “muito contente” pelo apoio dos estudantes. “É uma satisfação saber que meus alunos abraçaram essa causa junto comigo”, afirma. “A intenção é trazer propostas para essas áreas degradadas e tentar contribuir para a disseminação da gravidade do problema.”

Melissa Mota Alcides: 'Traremos propostas a essas áreas'

Uma das propostas do grupo é sobre as possíveis soluções para o reuso das áreas afetadas, “levando em consideração o fenômeno da subsidência e lembrando que hoje, na atual conjuntura, as áreas são de propriedade da Braskem”. Para o grupo de estudantes, as ideias apresentadas devem servir como “um pontapé para o início da ressignificação do problema”. “Lamentável de fato, mas que precisa ser pensado dentro do âmbito do planejamento da cidade de Maceió”, afirmam os criadores do projeto. 

Manifestação da população do bairro de Pinheiros: moradores não participam das decisões

A estudante sergipana Yasmim Garcia mora no município de Itabaiana (distante 53 km da capital Aracaju), participa do projeto de forma remota. “Eu fui passear na cidade de Maceió e não sabia da calamidade que está aquilo lá. Para mim, está sendo uma honra poder ajudar de alguma forma a sociedade alagoana.”

Acompanhe o trabalho dos estudantes de Arquitetura de Alagoas e de Sergipe nas redes sociais do Facebook, do Twitter, do Tiktok e do Instagram.