Para que serve o autoconhecimento mesmo?

10 de Outubro de 2021, 10:24

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Ana Karina Luna é escritora, artista visual, designer e bruxa; editora, fundadora/proprietária da Lua Negra Cartonera *

A Lua se renovou em Libra às 8:05h da quarta-feira 6. E assim deixamos para trás a lunação de Virgem — onde algo se organizou na gente, algum tipo de síntese ocorreu, e essa síntese tem a ver com autonutrição, mas, também, com como sirvo o mundo, pois Virgem é um arquétipo de serviço, lindíssimo à propósito, muito ligado a Deméter, a deusa da alimentação grega — há até astrólogos que advogam para que Virgem seja regida pelo asteroide Ceres (o nome romano dessa deusa) e não por Mercúrio, que já rege Gêmeos. 

E isso fala de como ainda não captamos, como civilização, o arquétipo virginiano em seu inteiro, já que ele ainda não tem um planeta ou asteroide para chamar de seu. Ou seja, ainda realmente não sabemos servir como serve Virgem, por amor ao trabalho do servir em si, amor às tarefas do mundano (mas tão necessárias na vida concreta), à prestação do serviço, e eu vejo essa como a sua faceta “crística”, em que colocamos nossa energia a serviço, pelo amor ao servir, e que é um aspecto no aprendizado da humildade.

Você sabe onde tem Virgem no mapa? Que parte da sua vida ele rege? A casa (área da vida) que ele rege no seu mapa é onde você serve ao mundo, onde tudo pede para acontecer de maneira sintética, organizada e com um objetivo bem concreto. É a vida com os pés no chão, a vida de Virgem — sempre invejo essa praticidade virginiana.

Mas essa foi a lunação que deixamos para trás. 

E aqui um parêntese: quero contar porque sigo os caminhos da Lua pelas constelações. Bem, são 12 signos na mandala astrológica, e são 12 meses do ano. Cada signo tem sua lunação e cada lunação traz a energia daquele signo, permitindo trabalhar aquela parte da vida (pois todo mundo tem os 12 signos no mapa). Se formos espertinhos podemos, em um ano, acessar todas as partes da vida de maneira intensa, mas natural, através do que enfatiza a Lua em cada momento.

A lunação que começou nessa quarta 6/10 é a de Libra, e este é um signo sobre três coisas: relações, arte e justiça. Onde você tiver Libra no mapa você vai tender a fazer as coisas nos tons de Libra.

Você vai querer parcerias naquela área, as relações vão importar naquele tema da sua vida. É um lugar onde acordos são importantes, de diplomacia, de estratégia social. Não é para estourar tudo como faria o seu oposto: Áries. Não estar nem aí para o outro nessa área da sua vida vai caotizar e desalinhar a vivência desses assuntos.

Você também vai querer o Belo nessa área, uma harmonia estética que vai além do que o olho vê, no sentido de que as coisas tenham significado, simbolismo, que tenham poesia, pois arte não é sobre a parte estética e externa apenas (essas são só a manifestação externa do processo artístico) — arte é um processo interno de busca analítica, de simbolismo, de sublimação através da expressão simbólica. A mente que simboliza é uma mente que evoluiu, que foi além do concreto. A arte é um simbolizar, que é sempre um poetizar. 

E, finalmente, onde estiver Libra no seu mapa haverá a busca por Justiça. A busca por um equilíbrio entre o Eu interno e o Tu externo. Como Libra é o oposto de Áries, então ela é o “eu e tu”, enquanto Áries é o “eu sozinho”. Em Libra, fazemos o oposto de Áries, pois Áries-Libra é o Eixo do Relacionamento (o relacionamento comigo = Áries; o relacionamento com o outro = Libra). Então aqui, mais uma vez, e parecido com o item das relações, é um harmonizar, aprender qual é o meu caminho do meio. 

E muitas vezes a justiça que precisa ser feita é com nós mesmos, viu? Ser justo consigo é prestar atenção em si e dar-se o que precisa, e esse é um instinto básico: suprir as próprias necessidades. O animal adulto faz isso ele mesmo. Ele cuida do que precisa. Em muitas situações em que sentimos a sensação de injustiça, não é apenas o outro que pode não estar sendo justo conosco, somos nós mesmos que não estamos cuidando dos nossos interesses emocionais, físicos, psíquicos, espirituais, etc. E esse trabalho é da gente. Isso não tem a ver com ser egoísta, ou seja, com suprir necessidades egóicas ou vaidosas. Não. Tem a ver com saciar necessidades profundas. Mas... Para saber essas necessidades, ou seja, a minha necessidade autêntica, real, há que se conhecer, e aí voltamos ao tema do autoconhecimento e porque é importante. 

Não era de graça que "conhece-te a ti mesmo" estava inscrito na entrada do pórtico do Oráculo de Delfos, na Grécia, no templo de Apolo, que representa a mente, mas a mente organizada, auto conhecida, trabalhada e harmonizada com as outras duas inteligências do organismo: o emocional e o instintivo. Conhece-te a ti mesmo tem um objetivo prático. Funciona, não é um conhecimento abstrato, que não serve para nada. Serve e muito.

Conhecer-se protege-nos em todas as situações da vida, alinha os eventos da nossa jornada positivamente, faz com que as coisas aconteçam de uma melhor maneira, e especialmente de uma maneira mais abundante. Digo isso pois fala-se muito em autoconhecimento, mas parece-me que em geral não se compreende bem a aplicação prática disso. Mas essa aplicação É MUITO PRÁTICA. Ou seja, pelo autoconhecimento nossa vida melhora, vem amor, vem abundância, vem dinheiro, vem luz, vem prosperidade, vem justiça, vem alegria. E não é que os desafios acabem — até porque isso não seria interessante —, é que viramos animais adultos capazes de lidar com tudo sem sofrimento psíquico, sem agonias, sem desespero. É um outro lugar, mais alinhado, mais frutífero e bem real.

Pois bem, então porque é bom saber que área da vida é regida pelo quê? Porque se as coisas não andam bem naquela área é porque talvez você esteja nadando contra a maré e não fazendo as coisas do jeito que o arquétipo disponibiliza a energia. Por exemplo, falando de Libra, que é a energia do momento: na área da sua vida regida por Libra tentar fazer tudo sozinha ou não cuidar o suficiente das relações daquele tema desarmoniza os acontecimentos, porque a energia que é liberada ali pede para ser usada de um certo jeito. Se você entender melhor qual é esse jeito, você pode começar a prestar atenção nesse aspecto no assunto daquela casa. Já vi isso acontecer muito nas leituras de mapa: é uma virada de chave simples, tantas vezes, apenas a pessoa não estava vendo daquela forma, e aí, todo um mundo novo (escondido nela) se descortina para ela, pois de fato, ela tem aquela aptidão, mas não tinha se dado conta, não tinha sintonizado que é esse seu próprio jeito de fazer as coisas naquela área da vida. É a própria maneira real dela de operar que ela ainda ignora. E por isso fala-se que o mapa é uma maravilhosa maneira de se autoconhecer. Ele não faz você ser assim, você já é assim — você é o original, é a fonte —, o mapa é apenas o gráfico que informa aquilo. Literalmente falando: ele desenha para você entender.

O aforismo grego antigo “conhece a ti mesmo” é uma das máximas délficas e foi a primeira das três máximas inscritas no pronaos do Templo de Apolo em Delfos. As duas máximas que se seguiram foram “nada em excesso” e “a certeza traz a loucura”.

Boa lunação de Libra! Prestem atenção nas suas parcerias, em como simbolizam/significam a vida, e se estão sendo justos com vocês mesmos (experimentem a auto gentileza e deem-se do que precisam). Temos ainda quase todo um mês para nos deleitar neste tema.

* Você pode se consultar com Ana Karina Luna — Tarô, mapas astrais; faça contato em @oraculo.de.lilith / @anakarinalua / @luanegracartonera