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Vila dos Corais recebe bem na aprazível Paripueira, com aquele mar manso e cheio de memórias afetivas

E a hospedagem confirma a tradição da boa acolhida; experimente o serviço econômico da pousada Vila dos Corais e as delícias do restaurante e receptivo Mar & Cia

27 de Julho de 2018, 13:38

Muito antes de Barra de São Miguel no litoral Sul virar o balneário predileto das classes alta e média de Maceió, a praia de Paripueira, distante 27 km ao Norte da capital, era o destino certo de veraneio para famílias abastadas maceioenses, nos anos 1970 e 1980 – e o Carnaval lá era famoso. Ainda o é, embora sem o glamour de outrora. Mas a beleza e a hospitalidade que tornaram-na especialmente atraente continuam lá. E novos empreendimentos hoteleiros e turísticos têm tornado o passeio a Paripueira um convite ao prazer.

Um perfeito exemplo é a cativante pousada Vila dos Corais, com preços acessíveis (R$ 145 para o casal). Atendimento acolhedor, quartos espaçosos, sem o luxo supérfluo, mas com tudo que você precisa: frigobar, TV e ar condicionado. Claro, e toalhas – inclusive para o banho de piscina –, sabonetinho e shampoo no banheiro. Para quem vai com a família, há opções de quartos conjugados. Wi fi sem problema, tudo funcionando na medida.

Fachada da pousada à rua Eugênio Costa, 1.162, orla do município: 26 apartamentos simples e confortáveis

Aproveite a temporada de Inverno que tudo fica mais barato mesmo e saia de Maceió – programe-se para o próximo fim de semana. Mesmo com chuva, vai que é pertinho. Para os turistas, também, é saudável e ilustrativo sair da ponte Maceió-Barra-Barra-Maceió e conhecer outras paragens. No litoral Norte do Estado, antes de pegar a estrada para Maragogi ou São Miguel dos Milagres (destinos sempre procurados que ficam numa distância média da capital de 130 km), com essa chuva aqui e ali pegando pesado, não é melhor ficar em Paripueira?

Choveu, o mar ficou poluído? Melhor continuar na piscina, tomando cerveja, comendo um petisco...

Delícia de passeio e a Vila dos Corais corresponde à tradição do balneário. Chegue cedo e aproveite a piscina para esticar as pernas no serviço de bar ao lado e comer uma carne de sol macia, acebolada, acompanhada, claro, de uma cerveja ou caipirinhas mil. Dirigiu até lá, guardou a chave do carro, aproveite para um sábado e domingo de comilança e uma farrinha sim, também, pois se está de férias ou é descanso de fim de semana, deus abençoe: o deleite é merecimento.

Carne de sol e batatinha para acompanhar a cerveja

Tomou afinal o banho na piscina pequena sossegada (ao menos nesse período chuvoso), em frente o mar lhe espera com uma série de charmosos banquinhos e mesas de madeira com a cobertura de palha de coqueiro dispostos ali pela direção da pousada. Simples, típico, confortável. Mais uma cervejinha, mais um petisco – dessa vez peça aquele camarão frito na manteiga, com alho.

A praia, na maré baixa, é longa, larga, e você pode caminhar pelo mar até a formação de corais, que é a terceira maior no mundo. Água quentinha, o banho de mar em Paripueira por si só é um luxo. Apenas dê uma olhada no índice de balneabilidade divulgado semanalmente pelo Instituto do Meio Ambiente – este é um momento delicado para as praias na região metropolitana de Maceió (e não somente nessa região), ameaçada por esgotos clandestinos de Norte a Sul. Também em Paripueira, infelizmente, duas praias próximas à entrada principal foram consideradas impróprias para o banho pelo IMA, esta semana. Ô Alagoas, até quando? Em caso de poluição, fique na piscina.

Peixe, lagosta e pirão: o Mar & Cia é o sexto restaurante da região metropolitana de Maceió entre os internautas do site TripAdvisor

E esbalde-se no almoço, entre o peixe frito e a lagosta grelhada, no restaurante Mar & Cia, dos mesmos proprietários da pousada, o casal Vanderlei e Maria Luíza Turatti. São de Porto Alegre (RS), vieram morar na vizinha Barra de Santo Antônio, mais ao Norte, em 1993, a filha mais velha, Emanuele, “começando o segundo grau”. “Tínhamos um negócio de casas pré-fabricadas e uma casa de praia na Ilha da Croa. Um dia, entrei num restaurante, havia uns 800 turistas e nenhum copo para tomar uma cerveja. Pedi ao garçom, ele voltou dizendo que não tinha. Constatando minha decepção, pegou um copo ali na mesa, lavou-o com a cerveja e me passou. ‘Pronto, está limpinho’, ele disse. Cancelei a agulhinha que havia pedido e fiquei pensando no assunto.”

No município vizinho de Barra de Santo Antônio: a reportagem do site fez o passeio de lancha com essa turma aí

Enquanto pensava, Maria Luíza lembrou-lhe dos amigos que vinham passar uma temporada nos meses de outubro e dezembro. Estamos em 1995. Para encurtar a história, eles compraram o mesmo restaurante sujinho e o reformaram meio que para receber os amigos e ver no que ia dar. Deu certo, o restaurante pegou, mas um ano e meio depois, a água do mar adentrou a ilha e o restaurante (chamado Ilha do Sol) construído a 300 metros da água foi a pique. E a casa também.

Nide Lins/ Divulgação
Massa fininha na Pizza Lenha, com recheios criativos e saborosos

"Quando estava dando resultado, o mar avançou”, conta Vanderlei, hoje com 58 anos e, a despeito das intempéries, nada a reclamar. Em 1997 construiu outro restaurante, que é um receptivo de turistas, o Mar & Cia. “São 1.100 pessoas por dia no Verão. 90% são turistas nacionais de todas as partes do país. A pousada veio depois.” Montaram depois, ainda, a Pizza Lenha, na rodovia AL-101. Forno à lenha, massa fininha, recheios requintados (a clássica marguerita, por exemplo, com pedaços de queijo gorgonzola) – esta parte do negócio ficou com a filha, Emanuele, e o genro, o músico Jaques Setton – que, por sinal, toca em outro empreendimento dos Turattis, na praia de Ipioca, o bar e restaurante Hibiscus, mas este é assunto para outra matéria.

As falésias da praia do Carro Quebrado, no município de Barra de Santo Antônio: poucos lugares assim em Alagoas

Fiquemos, por enquanto, no Mar & Cia, tomando uma cerveja, comendo agulhinha e, se quiser, o receptivo dispõe de lancha até a praia do Carro Quebrado, na Barra de Santo Antônio. Custa R$ 60 – nem tanto precinho quanto a própria estadia na pousada, mas, enfim, é uma pequena jornada, de ônibus pela AL-101, depois de lancha já no município vizinho (na verdade, Paripueira até os anos 1980 era povoado da Barra de Santo Antônio), a água do mar espirrando sobre a lancha e em você. É tudo muito prazeroso e, para quem nunca foi ou para quem tinha esquecido esse nosso pedacinho de litoral cheio de memórias (Paripueira fora invadida pelos holandeses na Colônia) e com tanta beleza natural, poxa, R$ 60 também não é nada. Ainda mais quando você vê aquele paredão avermelhado à beira-mar na exótica praia barrense.