Especial

Movimento Unificado das Vítimas da Braskem emite nota de repúdio a afirmações de líder comunitário

No jornal Gazeta de Alagoas, Fernando Lima diz que o MUVB faz 'politicagem'; na quinta-feira (8), moradores e empresários fecharam a avenida Fernandes Lima, protestando contra acordos unilaterais realizados por Braskem e órgãos de defensoria pública

15 de Julho de 2021, 10:04

Sebage Jorge/ Editor

Depois que o jornal Gazeta de Alagoas publicou, nessa quarta-feira (14), reportagem entrevistando líder comunitário de um dos bairros da capital que estão afundando em razão do processo de mineração realizado pela indústria de petroquímica Braskem, o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) emitiu “nota de repúdio” nas redes sociais, rebatendo o que empresários e moradores desses mesmos bairros (Mutange, Bom Parto, Bebedouro, Pinheiros e parte do Farol) consideram “inverdades defendidas por um dos entrevistados” pelo veículo de comunicação. “O MUVB acredita na união de moradores e empreendedores afetados pelo crime socioambiental da mineradora para mitigar os prejuízos causados, defendendo que o discurso que promove algum tipo de rivalidade pessoal entre as vítimas só pode servir aos interesses da Braskem para frear a conquista de direitos”, alega o movimento no texto enviado a esta redação também nessa quarta-feira.

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“Nós informamos que o MUVB se debruça sobre as necessidades gerais de moradores e empreendedores atingidos pelo crime da Braskem, convocando amplamente todas as lideranças comunitárias dos bairros afetados pelo afundamento do solo para defender seus pleitos. Esse processo reivindicatório é inteiramente executado de forma pública, com reuniões abertas a todas as vítimas”, destaca a nota de repúdio. As reivindicações formais do MUVB aos ministérios públicos e defensorias públicas podem ser acessadas aqui.

Acusando de “politicagem” ações como a que foi impetrada pelo movimento na semana passada, na quinta-feira (8), fechando a avenida Fernandes Lima, no Farol – numa tentativa de sensibilizar autoridades e, também, a população maceioense sobre o terrível desastre ambiental, o maior em curso em todo o planeta, provocado pela mineração irresponsável da Braskem –, o ativista Fernando Lima, da Associação Comunitária dos Moradores do Bairro do Bom Parto, diz na Gazeta que a associação da qual faz parte não está "procurando evidências políticas para ter projeção".

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"Buscamos soluções", afirma Lima. "Grande maioria dos moradores do Bom Parto já cumpriu os trâmites traçados pelo acordo, que, para muitos, foi muito benéfico, e brigamos muito para inclusão de uma área do bairro que tem registro de rachaduras e margeia a lagoa. Não admitimos que oportunistas que surgiram agora se projetem e consigam benefícios para uma pequena turma, que tem suas tragédias pessoais, mas não lhes dão o direito de excluir os demais, servindo apenas de boi de carga.”

Por sua vez, as lideranças do MUVB afirmam que suas ações não apresentam “quaisquer tipos de objetivos eleitorais ou vínculos institucionais com políticos”. “O movimento é autônomo e, constantemente, busca apoio junto aos poderes públicos e entes públicos eleitos. Todo aquele poder ou ente que não se posicionar concretamente ao lado das vítimas, continuará sendo alvo de críticas por nós, o que apenas reafirma nosso princípio de independência.”

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Mais adiante, na mesma nota de repúdio, o MUVB declara: “Nós entendemos que ações como essas [tais como a que foi publicada pela Gazeta] geram, em tais lideranças, a impossibilidade natural de empreender uma luta concreta contra a Braskem, já que a multinacional passou a financiar diretamente essas instituições, ou de tecer críticas aos entes públicos cabíveis sobre a atuação deles no caso. Não obstante, essas organizações mostram-se totalmente paralisadas, concentrando esforços para tecer elogios ao acordo firmado entre Braskem e poderes públicos que excluiu a presença e a representação de moradores e empreendedores afetados, gerando inúmeros prejuízos de prazos e critérios indenizatórios.”