'As Cangaceiras guerreiras do Sertão' traz a cultura nordestina e a violência sertaneja

Musical estreia em Maceió neste sábado (28), às 21h, no Teatro Gustavo Leite; sucesso de público e crítica, estreou em São Paulo em 2019

27 de Maio de 2022, 18:41

Da Redação

Com texto e letras de Newton Moreno, direção de Sergio Módena e direção musical de Fernanda Maia, estreia neste sábado (28) em Maceió o musical “As Cangaceiras guerreiras do Sertão”, com Marco França, Vera Zimmermann e Luciana Ramanzini no elenco. Livremente inspirado em depoimentos de mulheres envolvidas no Cangaço, o espetáculo, de acordo com seus produtores, “exalta a força feminina”. Será apresentado no Teatro Gustavo Leite, à rua Celso Piatti, s/n, bairro central do Jaraguá. Ingressos entre R$ 40 e R$ 120 podem ser adquiridos na loja Petit Paris (avenida Dr. Antônio Gomes de Barros, 215, Jatiúca), no estande Viva Alagoas no shopping Maceió (bairro de Mangabeiras) ou pelo site de vendas aqui.

Estudantes, professores, maiores de 60 anos e pessoas com deficiência têm direito à meia-entrada.

Montagem recebeu recursos federais e estreou em 2019 no Teatro do Sesi, em São Paulo
Vera Zimmermann encarna uma das cangaceiras do musical

Vencedor do prêmio 2019 da Associação Paulista dos Críticos de Arte (“melhor dramaturgia” para Newton Moreno), “As Cangaceiras guerreiras do Sertão” foi premiado e indicado em diversas outras premiações naquele ano. “A trama narra a história de um grupo de mulheres que se rebelam contra mecanismos de opressão encontrados dentro do próprio Cangaço, e encontram, umas nas outras, a força para seguir”, destaca o informativo enviado à Redação. “Além de reflexões sobre o conceito de justiça social que o Cangaço representava, o espetáculo também reflete sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo.”

Autora das canções, junto com o dramaturgo Newton Moreno, Fernanda Maia diz que usou “várias referências da música nordestina”. “Tive uma abordagem afetiva desse material, por ser filha de paraibano e por ter morado no Nordeste enquanto fazia faculdade de música. Nessa época, pude entrar mais em contato com a cultura do Nordeste, que é de uma riqueza ímpar, cheia de personalidade, identidade, poesia e, ao mesmo tempo, muito paradoxal. Esse trabalho foi a união das vozes de todos. Não há como receber um texto de Newton Moreno nas mãos e não se encantar com o universo que existe ali.”

'Cangaço virou um trampolim para falarmos sobre a violência de hoje', diz Newton Moreno

De acordo com a produção, tanto o protagonismo feminino como a cultura e história do Nordeste sempre foram questões presentes na dramaturgia de Newton Moreno. Ele diz que falar sobre as cangaceiras uniu “essas duas fontes”. “Uma escuta sensível a várias vozes femininas, quebrando o silêncio e falando sobre tantas violências", afirma o autor. "Isso me fez pensar sobre os espaços onde não imaginamos que existam lutas silenciosas ou que não são mostradas. O cangaço reproduzia alguns mecanismos de violência do Sertão — abusos, estupros, desmandos — e acabou virando um trampolim, uma janela, para falarmos sobre a situação de hoje. Por isso, fizemos a opção de não contar a biografia de nenhuma dessas mulheres, elas são inspiração,. Não há registro histórico de um bando dessa natureza. Mas, e se houvesse?”