Cultura

'Francisco' é show definitivo de voz e violão sonhado por Junior Almeida

Espetáculo que estreou em maio, será apresentado nesta quarta-feira (13), às 19h30, com participações de Toni Augusto, Almir Medeiros e Andrea Laís; artista diz que formato intimista 'é transparência pura, porque é como a música nasce'

13 de Julho de 2022, 15:37

Sebage Jorge/ Editor
Em Maceió, nesta quarta-feira (13), Junior Almeida reapresenta o show que estreou em maio deste ano, “Francisco”. No formato de voz e violões, o artista interpreta repertório autoral, entre músicas conhecidas do público e inéditas e clássicos da música brasileira que ele diz ter formado sua persona musical. O espetáculo desta quarta ocorrerá no Teatro de Arena, a partir das 19h30. Os ingressos, entre R$ 15 e R$ 30, podem ser adquiridos aqui.

Show intimista, voz e violão. Em entrevista ao Alagoas Boreal, Almeida afirma que, ao dispensar a banda, onde a coisa toda acontece de forma “automática”, decidiu tocar violão ele mesmo. Desejo antigo. Boa parte do show fica sozinho, ele e o violão, até entrar um velho parceiro, o guitarrista/violonista Toni Augusto. Depois, outro amigo de longas datas, o saxofonista Almir Medeiros. 

Cantor já vinha correndo atrás desse conceito 'voz e violão': consegui em 'Francisco'

Tocando seu violão,  “com aquele toque, aquele acorde, aquela nota necessária que está comungada com a melodia”, é — segundo o cantor e compositor — como “reaprender” a tocar a canção original. “Acho que tem uma força muito grande nisso”, reconhece.

Andréa Laís substitui a cantora do primeiro show, Lari Gleiss. “Andréa é fantástica e já fizemos muita coisa junto”, derrama-se o anfitrião. O nome Francisco, para quem não sabe, é seu nome de batismo. Retirando a primeira sílaba, fica o cisco sugerido na divulgação do show, com a figura de Junior a observar a poeira (cisco) das estrelas no céu.

Junior Almeida tem muito disso — ele reconhece —, gastar um tempo de olho nas estrelas, entregando-se, por assim dizer, à inspiração dos astros. Material para canções e conversas amigáveis. Tudo é amigável nesse show, e sinceramente artístico, íntimo, minimalista. Sendo no pequeno Arena, que completa 50 anos, delícia demais. Acompanhe a entrevista.

Francisco é você mesmo, o Papa e o santo católico — onde esses três se encontram?

Júnior Almeida — Acho que esses três se encontram na fé pela vida, na busca de uma espiritualidade, Francisco foi meu nome de batismo, o nome que eu ganhei e terminou não sendo usado, nem mesmo de forma caseira. As pessoas me chamavam de Junior, esperavam de Júnior, continuaram chamando de Júnior. Incorporei o Almeida, depois, mas gosto muito, gosto muito desse nome. Me dá uma paz danada, queria muito fazer um show nesse formato, acho que é o show mais íntimo que eu já fiz, e não teria como ter outro nome

'Elementos que fazem parte do meu ser', diz Junior

E cisco é pó de carvão, argueiro que entra no olho e grupo de pessoas que toca os instrumentos na Folia de Reis — ou é apenas o seu nome desmembrado sugerindo a poeira das estrelas que está na ilustração do show?

Almeida — Eu acho que está mais para poeira das estrelas. A ilustração na verdade, ela traz elementos que fazem parte do meu ser, da minha forma de viver e das conversas soltas que eu tenho, das coisas que eu gosto de conversar, dessa mania de olhar para o céu, e ficar procurando estrelas, observando estrelas, e ao mesmo tempo acho que leva para o lado lúdico, o lado da criança, que está presente, sempre esteve — espero que sempre esteve. É isso, é uma brincadeira que leva para o lado poético, do sentido dessa nossa música pelo sentido da existência, e também pelo uso da arte como forma de expressão.

Guitarrista/violonista Toni Augusto: amigo e parceiro de longas datas

Mas isso tudo, afinal, se converte em simplicidade: voz e violões. Como vai ser no show? Você tocando e cantando, contando com algumas participações? Ou Toni Augusto lhe acompanhará em todas as canções?

Almeida — O show foi pensado a princípio para ser um show solo, voz e violão, porque a ideia era mostrar as músicas como elas são feitas. Durante a pandemia eu toquei muito em casa sozinho, voz, violão, e gostava do resultado, da forma de tocar. É como se eu estivesse reaprendendo a tocar minhas músicas. Com banda você tem aquele apoio todo e as coisas saem mais ou menos no automático. E ali não, era necessidade de ter aquele toque no violão, aquele acorde, aquela nota necessária, e estar comungada assim com a melodia que você criar. Acho que tem uma força muito grande nisso. E sempre quis fazer um show assim, e nunca fiz, fazia um projeto e não realizava. Mas teve uma hora que eu disse, “epa, isso é insegurança”, né. Sempre fiz shows acompanhado, uma vez quase eu fazia um show assim,  mas sempre chamava alguém para tocar comigo. Então pelo menos agora consegui fazer isso, 'uma parte'. Tem a questão dessa coisa da individualidade sendo posta, mas também tem uma noção muito de ajuntamento, que eu sempre tive, de ter ao lado músicos, e principalmente amigos, que estão nessa caminhada assim há muito tempo, entre eles o Toni Augusto e o Almir Medeiros, que participaram da minha vida musical, e continuam participando. A partir de uma determinada hora eu convido o Toni para o palco e mais adiante o Almir. No primeiro show convidei uma cantora que foi a Lari Gleiss, mas nesse show a participação especial na voz é da Andrea Laís, que é uma artista q eu tenho uma afinidade muito grande, um carinho imenso, e uma admiração grande. Ela é fantástica, é uma das nossas melhores intérpretes. Já participei de vários projetos com ela, já fizemos muita coisa juntos, é extremamente natural convidá-la para ser parte desse show.

Andrea Laís, parceira de Junior Almeida em outras produções, fará participação especial

Músicas clássicas suas e outras inéditas. Qual dessas clássicas não podiam ficar fora desse repertório? E entre as inéditas, qual é o seu xodozinho, a que define esse momento seu?

Almeida — Na verdade eu conto a minha história, de certa forma. Um pouquinho da minha história musical. Então eu toco algumas canções que eu gravei na memória, canções que tocavam no rádio quando eu era menino, que me influenciaram muito, que despertaram em mim esse desejo da música. Que eu ficava ouvindo, cantava... Foram músicas que me formaram, né, então vou tocar algumas composições assim, uma música do Chico Buarque, uma música que ouvi pela primeira vez com o Tim Maia. São canções que estão aqui na memória afetiva, que me fizeram ser esse músico que sou hoje. O xodozinho não tem um só, tem vários, entre eles, uma música bem nova, que eu fiz em homenagem a Ivana Iza, a nossa atriz, uma parceria com o Fernando Fiúza. Eu estava no instagram e ela fez uma brincadeira, "ah faz uma música pra mim". Daí liguei para o Fernando e ele me mandou uma letra linda, e musiquei... Está aí, esse é um xodozinho bom danado. Fora outra música com o Fiúza mesmo, que é “Noite ao Norte”. Então tem vários xodós, vários.

Outro velho amigo: o multiinstrumentista Almir Medeiros

Mas eu perguntei dos clássicos seus

Almeida — Ah, eu toco sim. Toco “A Cor do Desejo”, “Sinais”, “Verde”, “Ser-te-ei Teu”, “Trela” — eu dou uma geral.

É um momento mais intimista. Parece bom esse negócio voz e violão.

Almeida — Olhe, Jorge, é muito bom esse negócio de voz e violão. Eu acho que banda é ótimo, mas quando você vai para voz e violão, essa coisa mais intimista, é onde você mais se mostra. É aquela hora que é você, é transparência pura, porque é como a música nasce, como expressou-se naquele momento. E você apenas desenvolveu, trabalhou um pouco, aprendendo a cantar aquela música, aprendendo a falar a palavra na hora certa, né, tocar aquela nota na hora certa. Vai para a simplicidade, mas ao mesmo tempo ganha uma força imensa. E as pessoas entendem isso.

Final do ano passado você lançou o álbum “O Avesso da Asa do Anjo”. Já está pensando num novo trabalho?

Almeida — Esse foi o álbum da pandemia. Todo mundo fez um desse na pandemia. Mas já estão vindo ideias, ideias. No show mesmo já puxo alguma coisa assim... Acho que em breve essa ideia vai começar a se materializar. É o normal, né, o fluxo. Eita, mas é bom, né.